Quem tem medo<br>da História?

O centenário da Revolução de Outubro tem vindo a ser pretexto para que vários órgãos de comunicação social regressem, mais uma vez, ao baú de velharias anticomunistas, com novas ou velhas roupagens. Ainda agora começou o ano em que se assinala cem anos sobre a primeira revolução socialista triunfante, mas já se multiplicam artigos na imprensa, acompanhados de livros e mini-séries de televisão.

Mas desengane-se quem pense que está em curso uma análise dos méritos ou deméritos do acto inaugural da edificação de uma sociedade livre da exploração, suas consequências para as repúblicas soviéticas ou para os trabalhadores e os povos de todo o mundo. A operação mediática, centrada na figura de Stáline, como fazem o Expresso e a RTP, ou recorrendo à mais básica deturpação história – caracterizando os acontecimentos de Outubro de 1917 como «um golpe de Estado comunista», como fez um colunista de um jornal electrónico – mais não faz que adensar a teia de mentiras, mais ou menos requintadas, que se vai reproduzindo.

Os livros que o Expresso vem publicando e oferecendo a quem compra o jornal são exemplo paradigmático da estratégia. A escolha dos autores de dois prefácios reflecte a opção por uma determinada visão dos acontecimentos: Francisco Louçã e Paulo Portas. Se não é exigível que o semanário reproduza a leitura que os comunistas fazem da História, é inaceitável que o façam só com quem, desde sempre, se colocou no combate à União Soviética.

Tudo isto parece ir ao encontro de um objectivo imediato, demonizar a Revolução de Outubro e a União Soviética, escondendo deliberadamente os avanços civilizacionais conseguidos no plano interno e o seu contributo para a luta dos trabalhadores e dos povos, nomeadamente pela sua autodeterminação, e que se mantém através do exemplo de que é possível uma sociedade nova. É este exemplo que continua a atemorizar quem manda na generalidade do nosso universo mediático e assim se constitui o objectivo estratégico da campanha em curso: negar que existe alternativa ao capitalismo.

O pluralismo na comunicação doméstica é fechado na gaveta quando em causa está a manutenção da ordem dominante, como ficou patente com o apagão mediático da sessão de abertura das comemorações do centenário da Revolução de Outubro, realizada pelo PCP no fim-de-semana passado. O tal jornal electrónico não fez notícia da iniciativa, mas não se inibiu de publicar um texto do tal colunista com a sua análise à intervenção do Secretário-geral, através da velha técnica da citação de excertos truncados. A RTP, que vem dedicando uma hora da sua programação semanal a uma série sobre Stáline, decidiu que bastavam 27 segundos da intervenção de Jerónimo de Sousa no seu Telejornal. Se não referimos os noticiários das outros canais generalistas é porque, justiça se faça, o canal público foi o único que o fez.

Nos jornais do dia seguinte, as referências à iniciativa resumiram-se à reprodução de curtas frases sem ligação à Revolução de Outubro. Um dos diários ditos de referência conseguiu o prodígio de fazer manchete com uma iniciativa legislativa do PCP anunciada duas semanas antes, passando ao lado da iniciativa que aconteceu no dia anterior.

 



Mais artigos de: PCP

Lutar pela alternativa

Jerónimo de Sousa participou, a 27 de Janeiro, num jantar em Cernache, no concelho de Coimbra, e na inauguração do novo Centro de Trabalho de Soure.

Defender a pequena propriedade

O PCP denuncia os limites da Reforma Florestal do Governo e insiste na ruptura com a política florestal de desresponsabilização do Estado e de ataque à pequena propriedade.

Aumentos injustos e ilegais

O PCP denuncia os aumentos dos preços dos transportes públicos de Lisboa, sublinhando que os utentes estão a pagar cada vez mais por um serviço pior.

O jornal que faz a diferença

O PCP definiu como orientação prioritária nas tarefas correntes o reforço da venda e difusão do Avante!, objectivo político que está na base de uma campanha iniciada aquando do 85.º aniversário do Avante!. Na Resolução Politica aprovada no XX...

PCP encontra-se com<br>a CONFAGRI

Anteontem, 31, uma delegação do PCP – constituída por Jerónimo de Sousa, Secretário-geral, João Frazão, da Comissão Política, Agostinho Lopes, do Comité Central, e João Ramos, deputado na Assembleia da...